- Angra do Heroísmo e Praia da Vitória
- 1 dia
- Alguns locais sujeitos a horário
- Nível de dificuldade baixo
- Meses recomendados para a visita janeiro - dezembro
Se o que se pretende é conhecer um pouco mais desta ilha, entender melhor o que é isso de ser açoriano, admirar, sabendo o que se está ver, as paisagens e lugares da Terceira, ninguém melhor do que Vitorino Nemésio, escritor português, nascido aqui mesmo, em 1901, e que viveu até 1978.
Ao logo de uma vida de mais de 70 anos, atravessando todos os momentos mais relevantes da vida portuguesa e açoriana e começando a escrever cedo, Vitorino Nemésio foi autor de alguns dos livros mais marcantes da literatura portuguesa do século XX.
Não é, porém, por ser um escritor relevante e personalidade de prestígio que visitar a ilha tendo-o por companhia é uma excelente opção. É porque, desde o “Mau tempo no canal” à “Festa Redonda”, ao “Corsário das Ilhas”, ao “Paço do Milhafre”, à “Sapateia Açoriana”, passando por muitos outros, de poesia, prosa, ensaio ou colaboração jornalística, Nemésio raramente deixou de se inspirar nas ilhas dos Açores e nesta sua ilha Terceira universalizando o seu sentir, mas não recusando as raízes, de um modo soberbo.
“Hospedam-me familiarmente junto às casas que foram dos provedores das armadas da Índia a refresco nas ilhas atlânticas, num alto quase estratégico, que tanto domina o interior da cidade e o seu sainte para os montes como a pequena e profunda baía à sombra do Monte Brasil esteiado pelo castelo filipino. Assim, sem sair do quintal me debruço sobre o casario todo, e recolho, à esquerda, a silhueta das muralhas e da igreja que lembra a restauração do domínio português na fortaleza: à direita, o perfil da serra do Morião, atalaia do mundo dos algares escondidos e do gado bravo e leiteiro”.
“E os meus passos já quase estranhos, com o íngreme da ruela, vão ter a Santo Espírito como a água que é dócil à levada. Santo Espírito é a primitiva invocação das Misericórdias das ilhas. A de Angra tem aqui, mesmo em face do porto, a sua igreja imponente, flanqueada de um granel, com duas torres maciças de um austero barroco arcaizado, em que se sente talvez a inspiração seiscentista dos arquitectos da Restauração”.
“A ribeira de Angra, que nasce à raiz de Canta- Galo, junto a um castelo do nome de S. Sebastião, quase que morre no seu Pátio da Alfândega flanqueado pela Misericórdia, cujos alicerces profundos o encaixe da Ribeira dos Moinhos vem lamber”.
“Vamos lá ver o preto. O preto é de pedra e vomita água por um canudo: foi a primeira escultura profana que em minha vida vi! Subo mais, e oiço a velha levada dos moinhos: oiço cantar a água pura, valente, que desce as entranhas da ilha”.
“Também fui senhorito na casa apalaçada das tias dominando as casinhas dos pescadores da rua de Baixo, da Praia, na Ilha”.
“Muito importante, a par da escola, o ambiente da sacristia da Matriz, entre meninos de coro, padres, zeladoras e sacristãos. Mas a torre dos sinos metia-me medo…”.
“…e no bodo da Caridade, às Figueiras do Paim ou Portão do Barreto, domínio dos lavradores e carreiros do sainte da sede do concelho”.
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915 275 997
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